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Uma família (comum) no Porto

 

Obra bastante completa sobre a minha família paterna.
São mais de duzentas folhas contendo, para além de uma exaustiva descrição de familiares e parentes, vários outros capítulos relativos a casas e jazigos de família, a heranças, dotes, testamentos, etc.
Inclui ainda um índice remissivo dos nomes ali referidos, alguma bibliografia utilizada e uma lista de todas as entidades que foram consultadas com vista a obtenção de documentos e informações.
Em anexo traz um esquema desenhado para possibilitar uma rápida compreensão das relações familiares entre os muitos tios e primos dos meus avós.

Aqui reproduzo parte da introdução que naquela obra escrevi :

O nome pelo qual comecei a tratar este trabalho foi o de “Uma família do Porto”. Muito cedo descobri, à medida que a investigação se desenrolava, que de facto a família não era do Porto mas sim estava agora no Porto, ao dobrar do milénio. Daí portanto o ter trocado o “do” pelo “no”.
Por outro lado senti a necessidade de mostrar que o objectivo não estava na “linhagem” da família mas tão só na análise das gentes, dos seus percursos e das suas actividades, independentemente da posição social ou económica, as quais para o trabalho em causa, não relevam minimamente. Está comprovado e aqui também, que o tratamento dos factos só é possível se todos os investigados forem tratados da mesma forma, sem qualquer tipo de preconceito ou juízo de valor estabelecidos a priori.
Por isso mesmo e, já no final, acrescentei o “comum”.
Na verdade tudo começou pela imensa curiosidade em conhecer não só os nomes dos meus antepassados como também a sua proveniência.
Sabia-se muito pouco. Quase sómente os nomes até aos trisavós. Do meu lado materno nem isso estava completo. Quanto a factos, para lá dos bisavós também nada era conhecido.
Assim que percebi como fazer a pesquisa meti mãos à obra, procurando em conservatórias e registos paroquiais quaisquer dados sobre os ancestrais.
Comecei a adquirir algum entusiasmo à medida que os conhecimentos iam sucessivamente aumentando.
Dizem os experientes que genealogia é a ciência que permite com um máximo de tempo e de dinheiro obter um resultado mais reduzido.
Não deixa de ser verdade, mas o empenho pode ultrapassar esta barreira não permitindo que o desânimo se aproprie de nós.
Evidentemente que grande parte do trabalho se realizou em arquivos da cidade do Porto. Se assim não fosse seria muito difícil ou mesmo impossível de o concretizar tão depressa.
Por outro lado foi esta a principal razão que desde logo implicou a subdivisão desta obra em dois volumes, agora um relativo ao lado paterno, mais tarde o do lado materno, de pesquisa mais difícil por partir de Coimbra.
Fui portanto até onde a investigação era por agora exequível. Parei em meados do séc. XVII nos ramos familiares que se mantinham no distrito do Porto; os restantes, de investigação teoricamente ainda possível, tive que suspender mais cedo dada a distância até aos outros arquivos, deixando-os para um dia concluir.
Tinha nesta fase descoberto já cerca de 170 nomes; para quem tinha começado com 15 já era deveras aliciante.
É também evidente que com um implexo de 100%, ou seja, não havendo casamento entre primos ou familiares como parece ter sido o caso, eu deveria ter encontrado 2047 nomes de ascendentes da linha paterna até à 11ª geração, o que revela que muito mais há para descobrir.
Tendo assim desenhado uma enorme árvore genealógica – no papel com cerca de 2.5 metros – começo, depois a ter algumas interrogações como sejam “O que fazia esta gente ?”, “Onde morava ?” “O que fazia ?”. A estas perguntas acrescentei muitas outras relativas aos parentes mais próximos, de linha directa ou não, alguns de que ainda ouvi falar, e propus me seguir todas as pistas que, sobre cada um, encontrasse. Finalmente coloquei me uma última questão “Onde estão sepultados ?”.
Com a procura da resposta a estas perguntas o trabalho triplicou, mas acrescentou-lhe uma faceta ainda mais interessante.
Prossegui então na busca desenfreada de mais registos, testamentos, escrituras, sepulturas, e de qualquer outro tipo de documento que falasse da família.
É sobretudo nesta altura que multiplico os contactos no sentido de obter mais informações acerca dos casos mais difíceis de investigar por estarem mais longe ou não figurarem nos arquivos habituais, como é o caso do ramo judeu. Recebi informações de todo o país que vieram a completar as obtidas no Porto; e responderam-me muito amavelmente de Guimarães, de Coimbra, de Lisboa e de Angra do Heroísmo.
A obra nunca estará terminada mas será decerto difícil ir muito mais longe dado ter ido, em alguns aspectos, quase até à exaustão. Acabou assim por ser um ensaio de genealogia, tão completo quanto pude e soube.
Enfermará indubitavelmente de alguns erros e de muitas omissões. Não era sequer objectivo contar a história de todos, menos ainda a história completa de cada um. Mesmo em consciência acabei por escrever informações várias, anotando as com as minhas próprias dúvidas, sempre que foi caso disso.

Jorge Amado Rodrigues
2004

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